PNRS e E-waste: como emitir um Certificado de Destinação Final (CDF) que vale em auditoria.
- Speedy Corporate
- 28 de out.
- 4 min de leitura
Você finalizou a troca de notebooks, juntou cabos, fontes e periféricos, e o fornecedor prometeu “resolver” o e-waste. Meses depois, chega a auditoria e pedem o CDF (Certificado de Destinação Final) do lote. Só que o PDF recebido é genérico, sem números de série, sem método aplicado e sem responsável técnico. Resultado: não vale.
Este guia mostra como emitir um CDF que resiste à auditoria, alinhado à PNRS e às boas práticas de gestão ambiental (ISO 14001) — com campos obrigatórios, fluxo documental e amostra de CDF para copiar.
1) O que é o CDF — e por que ele falha com tanta frequência
Definição curta: o Certificado de Destinação Final comprova o que foi destinado (e-waste), como, onde, quando e por quem, vinculando o lote aos ativos processados.
Por que falha: certificados “de prateleira” omitem nº de série, método (wipe vs. destruição), responsável técnico, local de processamento e anexos (logs/fotos/planilhas). Sem isso, a rastreabilidade do lote cai.
2) PNRS + ISO 14001: o alicerce do CDF “auditável”
PNRS (Lei 12.305/2010): exige destinação ambientalmente adequada e comprovação documental.
ISO 14001 (gestão ambiental): organiza papéis, controles operacionais e registros (quem, quando, como).Tradução prática no CDF: vínculo com cadeia de custódia, identificação do método de processamento e evidências anexas (logs/fotos/planilhas).
3) Campos obrigatórios do CDF (o que a auditoria procura)
Identificação do emissor: razão social, CNPJ, endereço do processamento.
Identificação do cliente: razão social, CNPJ, contato.
Nº do certificado e do lote: referência única e data/hora de emissão.
Descrição dos materiais: categorias (notebook, desktop, MFD, cabos etc.) com quantidades.
Rastreabilidade: planilha de séries/asset tags/IMEI (anexo).
Método aplicado: wipe sanitizado (com logs) e/ou destruição física (com fotos/vídeo), incluindo equipamentos e parâmetros.
Local e data do processamento.
Responsável técnico: nome, cargo/CREA/CRQ (quando aplicável) e assinatura.
Destinação final: reuso/remarketing/reciclagem, com parceiro downstream (se houver) e critérios EHS.
Anexos: Termo de Cadeia de Custódia, manifestos de carga, logs, fotos, planilha de séries e relatório ESG (ex.: desvio de aterro).
Regra simples: se não dá para conciliar inventário → processamento → certificado, o CDF não se sustenta.
4) Fluxo documental do lote (do escritório ao certificado)
Inventário e etiquetagem (asset tag + nº de série/IMEI; status de criptografia).
Cadeia de Custódia (check-out na origem, lacre, fotos, manifestos, checkpoints).
Processamento em área controlada:
Wipe: ferramenta, parâmetros, logs por lote + amostragem.
Destruição física: trituração/desmagnetização por nº de série + fotos/vídeo.
Conciliação: inventário × lote processado (tratar exceções).
Emissão do CDF: preencher campos obrigatórios, anexar evidências e publicar nº do certificado.
Arquivamento: dossiê por lote (acesso para Auditoria/ESG/Compliance).
5) Erros que invalidam CDF (e como corrigir já)
Sem séries/asset tags → anexar planilha; quando ilegíveis, criar ID substituto com foto e justificativa.
Sem método → descrever wipe (ferramenta/parâmetros/logs) ou destruição (equipamento, granulometria, fotos).
Sem responsável técnico/assinatura → nomear e assinar; registrar habilitação quando aplicável.
Downstream opaco → listar parceiro de reciclagem/remanufatura (CNPJ/local).
Sem vínculo à custódia → anexar Termo com timestamps e assinaturas.
6) Amostra de CDF (anonimizada) — copie e adapte
CERTIFICADO DE DESTINAÇÃO FINAL – CDFNº: CDF-2025-0147 Lote: L-SP-0319 Emissão: 10/10/2025
Emissor (processamento):Speedy Corporate Serviços Ambientais Ltda. – CNPJ 00.000.000/0001-00Endereço do processamento: Rua Exemplo, 100 – São Paulo/SP
Cliente (gerador):Empresa ABC Tecnologia S.A. – CNPJ 11.111.111/0001-11Contato: dpo@empresaabc.com
Descrição dos materiais
240 Notebooks (categorias mistas)
18 SSDs avariados
70 kg Cabos/periféricos
Método de processamento
Wipe sanitizado em 222 notebooks — Ferramenta: [nome/ferramenta], Parâmetros: [X-pass], Logs anexos (LOG-L-SP-0319.pdf) e amostragem 10% validada.
Destruição física de 18 SSDs — Equipamento: Triturador [modelo], Granulometria: <10 mm, Fotos anexas (PH-L-SP-0319.zip).
Rastreabilidade
Planilha de séries/asset tags anexas (SERIES-L-SP-0319.xlsx).
Termo de Cadeia de Custódia anexado (TCC-L-SP-0319.pdf), com timestamps e assinaturas.
Destinação final
Reuso/remarketing de carcaças funcionais pós-wipe;
Reciclagem de materiais (metais/plásticos) via parceiro downstream Recicla Brasil S/A – CNPJ 22.222.222/0001-22, unidade Guarulhos/SP.
Indicadores ambientais (ISO 14001)
Desvio de aterro: 92% do peso processado.
Resíduos perigosos: encaminhados conforme POP-EHS-07 (registro anexo).
Responsável técnico: Nome: João Silva – Eng. Ambiental – CREA 000000-SPAssinatura: __________________________________________
ObservaçõesNC-01: Série ilegível em 1 unidade. Criado ID substituto TEMP-N-091 com foto e justificativa.
(Dados acima são ilustrativos e anonimizados.)
7) SLAs e KPIs para garantir CDF “no prazo e completo”
SLA de orçamento: < 24h úteis (escopo definido).
SLA de coleta: D+2 em capitais (ou janela 24/7).
SLA de CDF + dossiê: D+2 após processamento.
KPIs:
Rastreabilidade 100% de séries/IDs conciliados;
Exceções/NCs < 2% por lote;
Desvio de aterro reportado por categoria;
Conformidade documental (TCC, logs, fotos, planilhas) = 100%.
8) Como integrar Compras, TI e ESG (sem travar a operação)
Compras: RFP com campos obrigatórios de CDF, anexo de modelos (TCC, planilha de séries).
TI: inventário, criptografia prévia, amostragem e validação dos logs.
ESG/Meio Ambiente: consolidação de indicadores (peso/categoria, desvio de aterro, downstream).
Compliance/Auditoria: guarda de dossiê por lote e política de retenção.
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